sexta-feira, 24 de maio de 2013

Além das Fronteiras de Juripiranga


Reza a lenda e afirma a história que num passado remoto, quando pouco antes, nem dia nem noite existiam; quando as águas foram represadas e a porção seca, chamada terra, surgiu. Repito, reza a lenda e afirma a história que, encantado pela terra e por toda a riqueza que ela poderia lhe trazer, o homem se apossou do "torrão" que seus pés pisavam e, para não mais perdê-lo, o delimitou criando barreiras, cercas, trincheiras e com o passar dos tempos, limites, divisas e fronteiras. Milênios depois, hoje, Limites separam Cidades, Divisas separam Estados e Fronteiras separam Países, e todos eles, juntos, teimam em separar pessoas.


Mas o desejo revolucionário e a insatisfação sempre acharam campo fértil no coração dos inquietos. Estes, costumam não aceitar o que os limites, divisas e fronteiras lhes impõem; Não medem esforços para alcançar o que querem; menosprezam as distâncias e as empoeiradas cortinas do tempo que tentam nos separar uns dos outros. Agem assim porque aprenderam a superar o egoísmo de outrora. Por isso, não bradam mais como no passado: "esta terra é minha!" Entoam um hino novo com velhas, porém pouco usadas, palavras: "Esta Terra é NOSSA!"


Por saberem que aquilo que eles repartem também lhes será partilhado, é que sempre querem ver além dos muros que cercam suas cidades. Seus olhos buscam incessantemente o horizonte, porque é por trás dos montes que eles avistam as belas terras que, assim como as suas, também lhes pertecem.


Foi assim, com os olhos no horizonte e nos montes que por lá se estendiam, que cerca de 250 inquietos ciclistas saíram das terras que seus pés pisavam e, pouco se importando com os limites, divisas e fronteiras, se dirigiram à Juripiranga.


Quantas "fronteiras" cruzaram as mais de duas centenas de inquietos? Quantos anos haviam esperado por isso? No meu caso, a vida toda! Mas a espera era passado, o dia havia chegado e o convite dos primeiros donos daquela terra, Juripiranga, havia sido aceito.


Não mais reza a lenda! Nem precisa afirmar a história! Apenas nossa memória guarda e nos faz lembrar que, no domingo 19 de maio, nas primeiras horas, ciclistas, vindos de todos os lados, puseram abaixo todo e qualquer limite, divisa e fronteira que lhes negavam o direto de tocar o chão e respirar o ar de uma terra que também era sua.

Foi dessa forma, desconsiderando os marcos invisíveis erguidos pelo egoísmo humano que, montados em suas bicicletas, símbolos de liberdade, saíram pedalando por Juripiranga/PB, Ibiranga(Itambé)/PE, Camutanga/PE e Itabaiana/PB, reconquistando, por meio da força dos pedais e do deslizar das correntes por entre as catracas, cada légua e quilômetro de terra, mato, mata, lama e pedra.

Por mais de cinco horas exploraram os caminhos e trilhas pelos nativos escolhidos. E os pés? Não se cansaram de percorrer, de pedalar! E os olhos? Não se cansaram de ver, de enxergar, de admirar! Enquanto a mente não parava de armazenar cada imagem daquele lugar!

Ninguém, jamais, tirará de nós aquelas belas terras nem a amizade que naquele molhado chão brotou entre os forasteiros e os hospitaleiros! Pois, se antes era aquele pedaço de chão apenas fruto de um desejo, agora estava tatuado nas linhas do diário de bordo (memória) de nossas vidas. Tudo isso porque Juripiranga agora também é nossa! Somos cidadãos e filhos daquela terra, pois fomos batizados, pelos de lá, Equipe JuriBike, no pó, na água e na lama de suas estradas!

Talvez alguns possam dizer: "Mas as cores (das bandeiras) ainda nos separam!". Eu digo: "Pode até ser que sim, mas sempre existe uma bandeira acima que a todos congrega, e nossa bandeira é o ciclismo!

Obrigado Equipe JuriBike, por fazer nossa, a terra que também é sua!!!

Obrigado a todos!


JuriBike!!! Doidôôôôôôôôôôô!!!


As fotos abaixo atestam que todos os limites, divisas e fronteiras foram derrubados!


BR 101 - Sábado, dia 18 de Maio - A caminho de Juripiranga
Cerca de 15km antes de chegar em Goiana, resolvi parar e beber uma água de coco! Achei que tinha conquistado a cachorrada, mas o dono deles me disse que eles estavam era de olho coco!!! Pense num bando de interesseiros!!!
BR 101 - Sentido - Recife

Viaduto sobre a BR 101 em Goiana/PE - Nesse ponto me despedi da 101 e segui pela PE 075 rumo à Juripiranga/PB
Antes de Itambé/PE - Macaxeira com ovo!!!! Precisava repor a energia perdida! Neste ponto, faltavam mais de 30 km para o meu destino!
A tarde foi caindo e a noite chegando!

Pedalei por quase 1 hora na completa escuridão. Tive apenas a companhia de alguns carros que iluminavam meu caminho e dos insetos que batiam no meu rosto!


Já em Itambé, peguei uma carona com dois brothers de João Pessoa! Esta já era a terceira carona oferecida. Resolvi aceitar! Edmilson e Pedro, são os nomes dos caras. Eles também estavam indo para Juripiranga para participar do 2º Encontro de Pedais. Comigo na foto, Edmilson.

Pedro - João Pessoa
Finalmente, Juripiranga!


Esta igreja católica fica em Ibiranga (Itambé/PE). Uma rua separa Ibiranga de Juripiranga
Igreja católica de Juripiranga

As casas ao fundo estão em Pernambuco, eu, a menos de 20 metros, na Paraíba!
























































 













Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu!!!






 


Fiquem Com Deus!!!

Até a Próxima Pedalada

3 comentários:

  1. VALEU AMIGO CLAUDIO LIMA O CICLISTA SOLITÁRIO, MAS NEM TANTO!!!!

    NOSSA EQUIPE PEDAL DA SERRA (SANTA LUZIA - PB) ADOTOU VC COMO MEMBRO HONORÁRIO!! KKKK.
    ABRAÇO PETRONIO NOBREGA!!!!

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  2. Que lindo, Cláudio! Eu amei sua historinha. Obrigada por traduzir o que sentimos também, de forma tão simples e bonita. Abraço grande! Hellen, Juribike, doidoooooo.

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  3. PARABÉNS POR + 1A ODISSEIA DO PEDAL,E O BLOG SEMPRE ALIMENTADO...

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