Pedal, Sol & Poeira: Karolina se foi...

Karolina em Paudalho\PE

Karolina se foi...

Tarde de sábado ensolarada... vento soprando... céu azul! Cenário montado para mais um momento de cumplicidade entre Karolina e eu. Desfilávamos pelo asfalto quente da Av. Mascarenhas de Morais, Imbiribeira, Recife. Karolina chamava a atenção... beleza rara, pura, ingênua, simples. Sempre soube que por muitos ela era cobiçada, mas como bom companheiro que sempre fui, nunca lhe deixei faltar nada, nem permiti que dela se aproximassem os interesseiros. Mas nesta tarde, nada pude fazer. Karolina de mim foi tirada, contra sua vontade e para minha tristeza... Partiu meu coração vê-la indo embora, levada por outro que dela nunca cuidou nem saberá cuidar. Karolina é como uma flor, precisa ser regada com amor e carinho para exalar um perfume sem igual. Perfume com o qual me acostumei. Difícil esquecer. Não me lembro ao certo quando Karolina entrou em minha vida, mas sei o quanto minha vida foi mudada por ela. Karolina me acompanhou em momentos inesquecíveis. Inesquecíveis. Foi em sua companhia que pisei, pela primeira vez, o torrão quente do sertão, terra de Lampião e de seu bando. Foi ao lado de Karolina que conheci a caatinga e vi, com pesar, o gado definhando por causa da seca. Com Karolina estive na Capital do Forró, em Serra Talhada (terra de Lampião), em Salgueiro, no Cabo de Santo Agostinho, em Olinda, Jaboatão, Moreno, Bonança, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Paudalho, Passira, Carpina, Limoeiro e em muitas outras cidades. Foi com Karolina que cheguei na terra de Luiz Gonzaga depois de mais de 600km de viagem. Naqueles sete dias de viagem, eu só fiz uma exigência aos donos das pousadas onde pernoitei: “Onde eu dormir, ela dorme!”. Inseparáveis! Ao lado de Karolina conheci ainda Santa Luzia e Juripiranga, cidades paraibanas. Lá fizemos muitos amigos! Tinha planos gigantescos para nós dois. Talvez maiores do que minha coragem, mas nem por isso eu deixava de sonhar. No início, assim como muitas outras, Karolina preferia os shoppings (BRs) aos Bosques (trilhas). Mas quando lhe apresentei, pela primeira vez, um trecho de mata, sua paixão por mim só aumentou... Karolina não queria mais as BRs, em minha companhia, ela preferia as trilhas, os caminhos tortuosos, a lama, o mato. Posso dizer, sem vergonha alguma, não foram poucas as vezes que levei Karolina para o mato!

Vivíamos um sonho, juntos. Hoje, estou tentando sair de um pesadelo. Mesmo assim, estou feliz por Deus ter me presenteado com inúmeros momentos de alegria ao lado dela. Estou feliz e grato porque a violência não levou minha vida. Obrigado meu Deus! Obrigado porque fui deixado vivo naquela tarde ensolarada de sábado... vento soprando... céu azul! Obrigado porque pude voltar para casa e receber o abraço da minha mãe e da minha amada (Karolina não era ciumenta). Obrigado porque no domingo pude ir à igreja e hoje ao trabalho. Obrigado meu Deus por teres preservado minha vida!

Para finalizar, plagiando Luiz Gonzaga, eu digo: “Karolina foi o maior estrupício que encontrei na minha vida! Ah! Mulé bagunceira da moléstia, mulé cangaceira... Conheci Karolina num forró que eu tava tocando... Quando eu avistei aquela mulézona diferente no meio do salão, sem dançar com ninguém, só mangando dos matutos... Eu pensei comigo..."Aquilo deve ser um grande pedaço de mal caminho"”